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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Fornecedores de autopeças e serviços se adaptam à nova era da indústria

Fornecedores de autopeças e serviços se adaptam à nova era da indústria
Tecnologia da informação é área cada vez mais relevante na cadeia produtiva

GIOVANNA RIATO, AB
A base de parceiros e fornecedores da cadeia produtiva do setor automotivo se movimenta para atender as necessidades impostas pelo avanço da Indústria 4.0. O tom da nova era para as fábricas de veículos será ditado por maior cooperação entre as empresas de autopeças, concorrentes e montadoras, que terão relacionamento mais próximo do que meras relações comerciais. Outro pilar importante é o aumento do peso da área de tecnologia da informação dentro das companhias. Estas foram as principais conclusões apresentadas em debate durante o Workshop A Indústria 4.0 e a Revolução Automotiva, realizado porAutomotive Business na segunda-feira, 2, em São Paulo.

“Vai surgir o que eu chamo de 'coopetição', uma mistura de competição com cooperação”, acredita José Rizzo Hahn, presidente da Pollux Automotion, ao falar da linha cada vez mais tênue que diferencia um concorrente e um parceiro. O executivo aponta que há duas vertentes de Indústria 4.0. A primeira, alemã, tem a automação e o aumento do uso de robôs nas fábricas como base. “É um sistema mais conservador. Muito planejado e organizado que conta com a participação do governo e da academia”, esclarece.

A outra vertente é a vista nos Estados Unidos, onde a revolução da indústria está concentrada em softwares e no empreendedorismo, com grande participação de jovens e startups na oferta de soluções. Para Hahn, o Brasil terá de encontrar um caminho no meio deste contexto. O importante, ele enfatiza, é correr atrás de um formato adequado. “É suicídio deixar de pensar na Indústria 4.0”, avisa, lembrando que as transformações acontecem em ritmo acelerado. O executivo defende que as empresas devem investir em tecnologia da informação ao ampliar seus times com profissionais desta área ou manter internamente especialistas no assunto, muitas vezes terceirizado. 

Besaliel Botelho, presidente da Bosch, concorda. Ele conta que há crescente preocupação com os profissionais que atuarão nessa indústria. “O homem continuará a ter papel essencial, mas com outras competências, mais especializado.” Para o executivo, a inteligência usada em processos produtivos comuns é muito diferente da necessária para a Indústria 4.0.

Hahn lembra que o processo de transformação para o novo modelo deve vir acompanhado de consolidação na cadeia de fornecedores automotivos. No longo prazo, ele aponta que a tendência é por diminuição do número de fornecedores de autopeças, com fusões em busca de soluções mais eficientes e flexíveis para os clientes. A ideia é gerar valor. Outra influência é a chegada de novos players ao mercado. “A Tesla, por exemplo, já vai muito bem nos Estados Unidos”, aponta, destacando o sucesso da jovem fabricante de carros elétricos.

CUSTOMIZAR EM MASSA

De mãos dadas com a indústria 4.0 está a evolução dos produtos e da conectividade dos veículos. Os executivos que participaram do debate fazem coro ao falar de uma tendência que ganha espaço rapidamente: a customização em massa. A ideia é que, com fábricas flexíveis e conectividade, as companhias entendam o desejo dos consumidores e possam oferecer produtos únicos e adequados, mesmo que fabricados em série.

Na prática, esta é uma dinâmica que já funciona bem no mundo digital, com empresas como Google e Facebook, por exemplo. Estas companhias detectam as preferências dos usuários para que cada um deles receba de uma forma as informações e atualizações. No caso das fábricas conectadas e automotizadas, será a rede de dados que comanda pessoas e robôs que recepcionará esses desejos para produzir em uma mesma linha carros com características diferentes.

Wilson Bricio, presidente da ZF América do Sul, destaca que as empresas têm de romper a inércia para que consigam superar a crise atual e se preparar para entregar a inovação que o cliente pede e a solução que os parceiros da cadeia produtiva precisam. “Temos de manter o radar sempre ligado: ver onde está tecnologia e a necessidade e fazer o match. Não podemos ter vergonha de buscar parceiros e pedir ajuda”, explica, dando sinais de que já trabalha dentro da nova lógica da colaboração.
Fonte: Automotive Business

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